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Pulp Fiction - Tempos de Violência (1994)

[SPOILERS] Quando lá pelas tantas, os pontos e vírgulas foram transformados em um palavrão – Eu tenho minhas dúvidas, se não foi Tony Montan...


[SPOILERS]


Quando lá pelas tantas, os pontos e vírgulas foram transformados em um palavrão – Eu tenho minhas dúvidas, se não foi Tony Montana quem roteirizou – encontramos num bar os dois figuraças de Tarantino. A cena, talvez a mais famosa do filme, daquelas que mesmo quem não viu, conhece, é discutida na talvez, sequência mais importante, a do bar (onde começa e termina a saga “motherfucker” do Taranta). Os dois, Jules (Samuel L. Jackson) e Vincent ( John Travolta) tentam achar uma explicação coerente e lúcida de como eles haviam escapado dos tiros da arma de um dos garotos no apartamento. Vincent, não consegue achar nada, e prefere ficar indignado e não entende nada do que seu companheiro fala, enquanto o bom moço, Jules diz para nós que isso foi uma intervenção divina: “Jesus Cristo desceu do céu e parou essas balas!”.

Essa deve ser a dúvida de todo personagem que se encontra em uma trama cômica, tentar entender o que raios, aconteceu. Pulp Fiction – Tempos de Violência (Pulp Fiction, 1994) se trata disso, da efervescência do cinema, não da morte ou nascimento de outro, mas sim a paixão por ele. Trata-se daqueles filmes gangsteres que o mundo já viu um pouco, de Scorsese a Coppola, mas ao mesmo tempo totalmente ao contrário. O vanguardismo e o cinema de Tarantino, parecem meter um “fuck” em tudo que se baseia, não temos uma história de Vitto Corleone, afinal, o chefão aqui, Marsellus, é estuprado, atropelado e tudo que tem direito, não há respeito apenas marginalidade e humor escrachado e negro com todos os personagens. As belíssimas figuras de terno e gravata, os capangas mais “badass” e mais “meia-bocas” do cinema para não dizer outra coisa, enquanto Tarantino expõe uma trama-base que o mundo já sabe bem como é, inverte a sua linguagem, é punk, podre e principalmente cômico, que tanto teve ênfase naquela década, onde depois de 2 anos, saia o testemunho, Fargo – Uma Comédia de Erros (Fargo, 1996), dos irmãos Coen.

Falando com a geração atual de atores, ou pelo menos, que na época eram, Tarantino faz questão de mostrar a John Travolta e Uma Thurman o verdadeiro cinema. Não atoa, quando num restaurante, que como bem diz Vincent: “um museu de cera vivo”, o twist encarnado, pela mesma figura que no final da década de 70 arrasava nas paradas, era sucesso de bilheterias e famoso entre as “menininhas”, já não parece mais forte, esta fora de forma, gordo, bem como o seu gosto mais “refinado”, pedindo o famoso sanduíche “Douglas Sirk”. Tarantino, parece a todo momento dizer que não se trata mais da “Golden age” , a mocinha que saia com o Danny em Grease – Nos Tempos da Brilhantina (Grease, 1978) ou com Tony Manero na fábula mais over de Os Embalos de Sábado a Noite (Saturday Night Fever, 1977) não é a mesma de agora, a femme-fatale “cheiradora” de cocaína com problemas existenciais e sexuais

Como se não bastasse, afim de dar uma descansada na narrativa, até então frenética, cômica, Butch Coolidge (Bruce Willis) é o responsável pelos momentos mais calminhos, mais em si, mas não por muito tempo. Parece que, quando conhecemos de fato, em um dos segmentos, o personagem de Willis voltamos a década de 70 em específico a Martin Scorsese – e quem sabe até Cinimo -, mas de modo irônico, principalmente entre a relação entre pai e filho (momento em que Christopher Walken nos dá um tchauzinho). Como romântico, apaixonado por cinema e pelo que faz, tanto Scorsese como o próprio Tarantino, faz desses momentos não apenas o retorno a Jake LaMotta ou Travis Bickle, mas sim a essa áurea podre, suja, punk – que em outras linguagens era trabalhada por uma galera menos reconhecida, como Abel Ferrara – sem destino e perdida no mundo, juventude “nova-yorkina” e mais do que transviada.

De volta então, a tão falada sequência do bar, responsável pelo começo e fim dessa revolução anárquica estética e narrativa à lá Tarantino, Jules tenta explicar a Vincent, que realmente foi a figura de Jesus Cristo que desceu e parou aquelas “motherfucker bullets”. Talvez, Mr.Wolf(Harvey Keitel) não tenha tido tempo de explicar aos jovens aprendizes, agora com os maravilhosos trajes do “big kahuna”, que: “The name of god who stopped those motherfucker bullets has name and is called Sir Quentin Tarantino!!!”.

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